O que é gordura no fígado ou esteatose hepática?

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Primeiramente,  gostaríamos de lhe fazer uma pergunta: você já ouviu sobre uma patologia denominada Esteatose Hepática? Caso você responda não, estamos certos que o termo Gordura no Fígado sim!

Pois bem! Hoje você vai entender os 12 pontos importantes que é necessário saber sobre uma doença comum e silenciosa, a Gordura no Fígado ou a Esteatose Hepática.

O que é gordura no fígado ou esteatose hepática?

A princípio, a Gordura no Fígado ou  esteatose hepática é o acumulo de vesículas (gordura no interior das células do fígado- que fica do lado direito do abdômen), totalizando mais de 5% do seu peso. É um problema comum e que precisa de atenção.

Por esse motivo ela é classificada em 2 grandes grupos:

  • DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA ALCOÓLICA: causada pelo excesso de ingestão de bebidas alcoólicas;
  • DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA:  é a causa mais frequente de gordura no fígado; relaciona-se  com fatores de risco e  NÃO tem relação com excesso de ingestão de álcool.

Como ocorre a Gordura no Fígado?

Em primeiro lugar, o excesso de gordura (ácidos graxos) no fígado pode ter origem:

  • no aumento da ingestão de gordura na dieta;
  •  produção de gordura pelo próprio fígado a partir da ingestão em excesso de carboidrato na dieta;
  • na quebra da gordura (lipólise) ex.: pessoa que esta emagrecendo;
  • ou na deficiência do transporte da gordura que está  dentro do fígado.

Porém, é importante entender que a patogênese inclui fatores nutricionais como a disbiose intestinal (desequilíbrio da flora intestinal), hormonais, resistência a insulina, toxicidade da gordura e inflamação hepática.

 Como a gordura no fígado  pode danificar o fígado? Tem estágios de evolução ou gravidade?

De modo geral, sim.

Juntamente com o  excesso de ácidos graxos (partículas que constituem a gordura) no fígado, aumenta também uma reação química, chamada beta-oxidação.

Desta forma, estas liberam radicais livres que agridem os tecidos e geram citocinas inflamatórias, resultando em  graus variáveis de agressão das células hepáticas, podendo evoluir progressivamente. 

Por esse motivo, a presença de gordura no fígado ou conhecida como esteatose hepática, corresponde ao estágio inicial da Doença Hepática Gordura não Alcoólica. 

Isto posto, é importante pontuar que se prolongado por anos, esta patologia pode levar ao mau funcionamento metabólico, inflamação  (esteato hepatite  ou NASH) e a um estágio avançado Doença Hepática Gordura não Alcoólica que pode progredir para fibrose e cirrose.

A partir daí,  aumenta o risco de câncer do fígado. Veja abaixo seus possíveis  estágios de evolução.

  • Esteatose hepática  = reversível através de  dieta e exercícios físicos: 1,0% a 0,5% das esteatoses hepáticas evoluem para esteatoepatite não-alcoólica (EHNA ou NASH).
  • esteatoepatite não-alcoólica (EHNA ou NASH)  = inflamação, morte celular e fibrose causada por excesso prolongado de gordura no fígado:  20% evoluem para cirrose em 5 a 10 anos
  • progressão para cirrose = morte de células do fígado e substituição por tecido cicatricial
  • desenvolvimento do câncer de fígado ou carcinoma hepatocelular.

 A “Gordura no Fígado” é  frequente?

Frequentemente, sim. A esteatose hepática esta cada vez mais frequente.

  • 70% dos pacientes com sobrepeso;
  • 70% dos diabéticos e mais de 90% dos obesos mórbidos;
  • 3% a 10% em crianças com peso normal;
  • 50% das crianças obesas;
  • A prevalência tem sido de 30% em norte americanos, existindo diferenças raciais.

Estudos recentes sugerem que alterações metabólicas podem começar intra-útero e causar a doença  na infância.

A  Gordura no Fígado é perigosa?

Antes de mais nada, é importante lembrar que a esteatose hepática  é uma das causas de morte no longo prazo por conta dos danos cardiovasculares, hepáticos e oncológicos e  também,  porque vem sendo rapidamente uma das causas de transplante hepático.

É a causa mais frequente atualmente no mundo de doença crônica do fígado.

Como se faz o diagnóstico?

Seja como for, a  detecção de gordura no fígado se dá por exames de imagem, e  podem ser realizados com:

  • ultrassom (sensibilidade (60%) –(100%) especificidade (77%)–95%);
  • tomografia  (sensibilidade 43%–95% especificidade 90% );
  • ressonância magnética (sensibilidade 81%  especificidade 100% ), sendo este considerado o melhor método.

Como se faz o diagnóstico dos estágios avançados desta doença nas fases inflamatórias (esteato hepatite /NASH, fibrose e cirrose)?

A princípio, para avaliar a fibrose existe a elastografia feita por ultrassom que mede a dureza do fígado.

Desta maneira, quando o fígado tem somente a gordura ele ainda está com a consistência normal.

Porém, quando há  fibrose pode ocorrer  a evolução da doença e o tecido fica endurecido. Certamente,  em alguns casos a biópsia hepática pode ser indicada.

Em outras palavras, mais importante do que a quantificação ou graduação de esteatose é a identificação de pacientes com esteatose hepática que evoluem ou que apresentam maior risco de desenvolver esteato-hepatite.

Simultaneamente aos exames de imagem, a biópsia hepática pode também ser o método de referência para este fim. Porém, é uma técnica invasiva, com potencial para complicações, e que está sujeita a erros de amostragem.

Por esse motivo, um dos maiores desafios, é a identificação de uma forma não invasiva, precisa, prática e reprodutível que possa substituir a análise histológica.

Neste sentido, a ressonância magnética (RM) é um método bastante promissor, em razão da sua capacidade única em extrair informações de diferentes componentes teciduais e identificar marcadores de atividade inflamatória, como depósito de ferro, edema e fibrose.

Qual a relação entre a gordura no fígado e  a Síndrome Metabólica? 

Em outras palavras, a esteatose hepática não alcoólica está associada com obesidade, diabetes tipo 2 e dislipidemias (aumento de colesterol / gorduras no sangue).

Assim também, a doença hepática gordurosa não alcoólica pode fazer parte da Síndrome Metabólica se estiver associada a 3 ou mais dos seguintes fatores de risco:

  • obesidade central;
  • resistência a insulina;
  • hiperlipidemia;
  • hiperglicemia;
  • hipertensão arterial.

 Quais são os fatores de risco?

Seja como for, os principais fatores de risco ou causas de gordura no fígado estão relacionados a seguir e foram classificados em primários, secundários e doenças ou condições clínicas associadas.

Primários

  • Obesidade e sobrepeso com obesidade central;
  • Diabetes mellitus;
  • Dislipidemia (aumento do colesterol e/ou triglicérides);
  • Hipertensão arterial.

Secundários

  • Medicamentos: amiodarona, corticosteroídes, estrógenos, tamoxifeno;
  • Toxinas ambientais: produtos químicos;
  • Esteroides anabolizantes;
  • Cirurgias abdominais: bypass jejuno-ileal, derivações bilio-digestivas.

Doenças que podem ter a gordura no fígado de forma associada:

  • Hepatite crônica pelo vírus C;
  • Síndrome de ovários policísticos;
  • Hipotireoidismo;
  • Síndrome de apneia do sono;
  • Hipogonadismo;
  • Lipodistrofia, abetalipoproteina, deficiência de lipase ácida.

Qual relação entre hormônios e “gordura no fígado”?

De modo geral, a maioria dos pacientes com “gordura no fígado”  sofre de obesidade, resultado do desbalanço do consumo alimentar e do gasto energético.

Ou seja, a alimentação está relacionada geralmente aos alimentos ricos em gordura e açúcares, que ativam receptores opióides e de dopamina no núcleo accumbens, uma área responsável pelos desejos.

Contudo, os macronutrientes como a frutose (açúcar das frutas) aumentam o fluxo cerebral para áreas responsáveis por motivação e recompensa, ocorrendo falha em reduzir a saciedade.

Dessa forma, ocorre uma redução de hormônios do intestino que promovem a saciedade chamada de glucagon e aumenta o hormônio que aumenta a fome, a grelina.

Portanto, essas mudanças são associadas ao aumento de triglicerídeos que ajuda na fisiopatologia da “gordura no fígado.

Qual relação e “gordura no fígado”, nutrição e disbiose intestinal (alteração/mudanças na flora intestinal)?

Juntamente com o consumo aumentado de gorduras e  açúcares  existe a questão da alteração da  flora bacteriana intestinal.

Com isso, acaba-se gerando um processo inflamatório, que com a ruptura das junções das células intestinais,  permite a passagem de bactérias para a circulação liberando citoquinas inflamatórias que promove a inflamação e a esteatose hepática.

Existe tratamento para “gordura no fígado”?

Sim!

Seja como for, o tratamento da gordura no fígado  inclui a orientação alimentar, o tratamento da dislipidemia (aumento de colesterol /triglicérides no exame de sangue) com estatinas, controle da glicemia (açúcar no sangue) e pesquisa para cirrose e de câncer.

Portanto, mudanças no estilo de vida, uma alimentação equilibrada aliada a prática de exercícios físicos, ajudam na recuperação do órgão.

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