Endometriose: 5 exames que confirmam o diagnóstico


Hoje, trouxemos um assunto muito importante e que assombra muitas mulheres: a endometriose.

Em um artigo anterior, falamos sobre a doença e como ela atinge boa parte das mulheres.

Entretanto, vamos falar sobre quais exames devem ser feitos para a descoberta.

Antes disso, vamos entender o que é a endometriose brevemente.

História e Exame Clínico

Apesar da importância na identificação dos sintomas, a concordância entre o grau de dor e os achados pélvicos podem ser discordantes.

É importante responder com detalhes os sintomas que possam levar a este diagnóstico. Procure prestar atenção se a dor é cíclica, se piora ao ter relações, ao evacuar, se ocorre alguma irradiação. O que vai fazer o seu médico pensar em endometriose é a história, antecedentes, porque pode ter outros casos na família e o exame físico.

O ginecologista vai procurar no exame de toque se existem nódulos ou sensação de espessamento da parede vaginal principalmente na região posterior na parte mais profunda e vai também sentir se tem aderências.

Quando a paciente não tem aderência e empurramos o útero no exame de toque vaginal e ao mesmo tempo empurramos os órgãos pela palpação abdominal, a paciente aceita o exame sem dor e os órgão pélvicos como útero e ovários deslizam uns sobre os outros.

Já quando temos aderências e empurramos o útero a paciente pode sentir dor e não sentimos esse deslizamento das estruturas.

Endometriose: o que é?

A endometriose é definida como a presença de glândulas endometriais e lesões semelhantes a estroma fora do útero. As lesões podem ser lesões peritoneais, implantes superficiais ou cistos no ovário, ou doença infiltrativa profunda.

Embora não haja etiologia definitiva da endometriose, existem várias hipóteses sobre como as lesões endometrióticas se desenvolvem. Um mecanismo possível é a menstruação retrógrada, que é uma saída do revestimento endometrial através das trompas de falópio patentes para o espaço pélvico.

Porém outros fatores, como o meio hormonal, inflamatório ou imunológico, podem determinar se as lesões se depositam no implante da cavidade pélvica e persistem.

Alternativamente, as lesões de endometriose podem surgir de remanescentes müllerianos que são as estruturas que no embrião vão dar origem ao útero, trompas e parte da vagina que não se diferenciaram ou migraram adequadamente durante o desenvolvimento fetal ou de células sanguíneas circulantes que se diferenciam em endometriose . Da mesma forma, as características do ambiente local influenciariam na manutenção dessas lesões endometrióticas.

Para entender melhor essa inflamação, trouxe essa imagem. Onde há sangue, seria onde as inflamações estão presentes. Por isso, acaba causando fortes dores abdominais.

endometriose-focos

Diagnóstico

Geralmente quando há a visita ao ginecologista e a mulher se queixa desses sintomas, alguns exames são solicitados para investigação da doença.

Sendo eles ultrassom, exames ginecológicos, ressonância e em alguns casos até a  laparoscopia.

Iremos entender cada um deles:

Exames ginecológicos

No exame ginecológico do Papanicolau, geralmente o médico avalia o útero e demais cavidades em busca de alguma alteração.

Neste exame, o médico pode também verificar o reto em busca de cistos. Dependendo do estágio da doença, essa endometriose pode também ser intestinal. É preciso ter muita atenção.

Ultrassom pélvico e transvaginal

Quando recebemos um pedido de ultrassom para avaliar endometriose é importante pedirmos que a paciente faça o preparo intestinal com limpeza do intestino e uma dieta pobre em resíduos.

No ultrassom os gases e as fezes podem atrapalhar a detecção dos focos e mesmo quando eles forem detectados, temos que avaliar se são múltiplos, a extensão, o quanto que infiltra a parede do intestino porque muda a conduta cirúrgica como decidir por “ raspar” ou realmente retirar o segmento acometido.

Eu entendo que é desagradável esse preparo, mas dependemos disso para avaliar de uma maneira mais satisfatória.

Podemos ver com um pouco de depleção vesical se tem focos na parede da bexiga ou no espaço entre a bexiga e a parede anterior do útero. Avaliamos se tem lesão no útero, observamos espessamento de sua parede muscular, muitas vezes com diferença de espessura da parede anterior e posterior, os ligamentos redondo e útero sacros se estão espessados ou tem aderências.

Podemos ver focos nos ovários que chamamos de endometriomas, que são cistos de debris, e se as trompas estão dilatadas.  Observamos a parede vaginal, principalmente perto do colo uterino, sempre avaliando aderências (o exame inteiro fazemos comprimindo a barriga da paciente com a mão livre e empurrando o transdutor com a outra ), se o intestino está espessado e aderido.

Existe um exame específico com preparo para endometriose, que realizamos aqui na Mega. Neste vídeo a Dra Nancy explica melhor sobre.

Ultrassom abdominal

No ultrassom abdominal procuramos focos no intestino grosso e delgado (se existe foco neste último temos uma maior chance de obstrução), procuramos no apêndice e também observamos se ocorrem aderências associadas.

Além disso, avaliamos também se os rins têm dificuldade de esvaziamento. Pode acontecer do ureter que é um tubo que leva a urina do rim até a bexiga, está obstruído por foco de endometriose. Isso geralmente ocorre porque a endometriose pode acometer as laterais da pelve e ela pode englobar principalmente a parte final do ureter desacelerando o esvaziamento do rim.

Existem outros locais mais raros como fígado, diafragma que pesquisamos também.

Ressonância Magnética

A Ressonância Magnética é indicada quando há massas mais densas no útero e paredes ao redor. Precisamos de preparo para este exame também. Se existirem fezes junto a parede intestinal podemos pensar que são lesões e podemos atrapalhar a paciente.

Uma dieta sem resíduos para não sobrar restos de comida no intestino com algum tipo de laxante é fundamental antes da realização do exame.

Outro recurso que usamos é colocar gel na vagina e no reto. Sabemos que isso pode causar algum desconforto, mas imagine você precisando ver o contorno de um saco plástico com as paredes do mesmo coladas. Fica muito difícil. Um foco frequente e a parede posterior e superior da vagina; e a vagina estiver sem gel, vamos perder essas lesões.

Em alguns casos o ginecologista pede a neurografia com difusão através da ressonância magnética também, para ver o acometimento das raízes nervosas para um melhor planejamento cirúrgico pensando em evitar sequelas motoras e amenizar as dores da paciente.

Laparoscopia

A laparoscopia consiste em um processo cirúrgico que é possível descobrir focos mais superficiais quando colocamos a câmera de alta resolução com uma fibra óptica, através de um pequeno corte no abdômen.

Porém, o cirurgião precisa da imagem do ultrassom e da ressonância para se guiar nas lesões profundas. Antes de fazer a cirurgia ele tem o planejamento que pode englobar não só o útero e ovários mas a parte acometida do intestino e ligamentos, avaliar se pode ter a chance de precisar reimplantar o ureter se tiver obstrução por exemplo.

 

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