Na tarde desta quinta-feira (24) faleceu o ex-lutador e multicampeão Adilson Maguila. O atleta tinha 66 anos e boa parte deles dedicados ao boxe.De acordo com o boletim médico, divulgado no mesmo dia, Maguila passou por complicações causadas pela Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), chamada também de demência pugilística.
Neste artigo falaremos mais sobre a doença, suas causas, sintomas e se há tratamento. Para saber mais, continue a leitura!
O que é encefalopatia traumática?
A encefalopatia traumática, também conhecida como demência pugilística, é uma doença identificada na década de 1920. Muitas vezes, é facilmente confundida com Mal de Alzheimer.
Trata-se de uma condição reconhecida em atletas com rotinas de pancadas na cabeça, como jogadores de futebol americano, lutadores de boxe, entre outros. Isso acontece porque esses indivíduos ficam predispostos a ter traumatismo cranioencefálico.
Não é possível identificar porque apenas parte das pessoas com trauma craniano repetitivo desenvolvem a doença. Em alguns casos, pequenas concussões podem gerar a encefalopatia traumática crônica.
Como acontece a demência pugilística?
A demência pugilística, também conhecida como encefalopatia traumática crônica (ETC), ocorre devido a lesões repetitivas no cérebro, principalmente causadas por golpes na cabeça ao longo de muitos anos, como no boxe, futebol americano, rugby e outros esportes de contato.
A condição foi observada pela primeira vez em boxeadores, por isso é popularmente chamada de “demência pugilística”.
O processo dessa condição envolve micro traumas cerebrais constantes que, mesmo quando leves, acabam acumulando danos ao longo do tempo. Esses impactos causam uma série de respostas inflamatórias no cérebro, levando ao acúmulo de proteínas tau.
O acúmulo de tau nas células cerebrais interfere nas comunicações neurais, resultando em degeneração das células nervosas. Com o tempo, essa degeneração provoca problemas cognitivos, de memória e, eventualmente, demência.
Quais os sintomas da Encefalopatia Traumática?
Como citamos anteriormente, é muito comum que a encefalopatia traumática crônica seja confundida com outras doenças, principalmente com o Alzheimer. Entretanto, é importante se atentar aos sinais para identificar o problema. Alguns deles são:
- depressão;
- irritabilidade;
- desesperança;
- impulsividade;
- explosividade e/ou agressão;
- perda considerável de memória;
- disfunção executiva;
- demência;
- ataxia;
- entre outros.
Em resumo, os sinais da doença podem surgir separados entre distúrbios de humor, comportamento e dificuldades motoras.
Diagnóstico da demência pugilística
O primeiro passo para o diagnóstico da demência pugilística é a ajuda de um médico para avaliação do quadro clínico. Por isso, são consideradas a história de traumatismo craniano, sinais e sintomas consistentes com ETC e ausência de outra explicação para o problema.
Vale destacar que todos esses critérios são levados em conta também em pesquisas.
No quadro de encefalopatia traumática, exames de imagem como Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética costumam apresentar resultados normais. Afinal, atualmente não existe nenhum biomarcador objetivo que valide o diagnóstico.
Infelizmente, a confirmação da patologia só acontece após a morte, quando é realizado um exame neuropatológico durante a autópsia.
Encefalopatia traumática tem tratamento?
A encefalopatia traumática crônica é uma doença para a qual ainda não existe tratamento. Nesse caso, quando há o desenvolvimento da demência, medidas de suporte podem ser o caminho ideal, assim como acontece em outros tipos de demências.
A família deve se organizar para manter o ambiente o mais familiar e iluminado possível, além de ser criado para facilitar o dia a dia do paciente. A melhor maneira de fazer isso é colocando relógios e calendários grandes em diversas partes da casa.
Outra medida importante consiste em criar um local seguro, com o monitoramento constante por meio de equipamentos.
História de Maguila no esporte
Adilson Rodrigues, conhecido mundialmente como Maguila, é um dos pugilistas mais carismáticos do Brasil. Sua carreira teve início ainda na década de 1980, quando o boxe ainda não era um esporte com muita popularidade no país.
O atleta nasceu em Aracaju, Sergipe, em 1958, tendo uma infância difícil por ser de uma família humilde. A descoberta do seu talento para o esporte aconteceu em São Paulo, onde começou a treinar e a disputar títulos internacionais.
Maguila sempre foi conhecido por sua força e resistência. Em toda sua carreira foram 85 lutas, sendo 77 vitórias e 61 por nocaute. Além disso, ele conquistou títulos como Campeão Latino-Americano e o Campeão Sul-Americano dos Pesos Pesados, sendo o único brasileiro, até então, a alcançar esse nível no boxe peso pesado.
Em todos esses anos, enfrentou boxeadores renomados, incluindo Evander Holyfield e George Foreman. Esses combates, embora não tenham resultado em vitórias, ajudaram a consolidar a imagem de Maguila como um lutador destemido e aguerrido. Seu estilo de luta era marcado pela agressividade e pela busca constante pelo nocaute, características que cativaram muitos fãs.
Após encerrar sua carreira, Maguila passou por dificuldades de saúde, sendo diagnosticado com demência pugilística, uma condição associada a lesões repetitivas no cérebro, comum entre boxeadores. Isso trouxe um novo olhar para os riscos da prática esportiva de alto impacto e serviu como alerta para a necessidade de cuidados com a saúde dos atletas.
Maguila é um símbolo do boxe brasileiro e sua trajetória é um exemplo de superação e dedicação.
Considerações finais
A encefalopatia traumática é uma doença recorrente em atletas que atuam com força, como jogadores de futebol, lutadores, jogadores de hockey, entre outros. Por muitos anos essa condição se confundiu com Alzheimer e outros tipos de demência, sendo diagnosticada apenas na década de 1920.
Por ser uma doença com pouco estudo, ainda não há um tratamento eficiente, mas apenas o processo para facilitar a qualidade de vida dos pacientes. Por isso, é muito importante procurar ajuda médica assim que os sintomas surgirem.
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