A artrite reumatoide é uma doença sistêmica autoimune crônica, que acomete as articulações, com uma destruição progressiva da cartilagem e dos ossos com a prevalência de 1 a 2%.
Neste sentido, estão envolvidos fatores genéticos e ambientais.
Desta forma, os fatores ambientais podem levar a uma quebra da tolerância de antígenos da própria pessoa levando a doença auto imune. São eles:
- poluição;
- infecções;
- tabagismo;
- doença periodontal;
- orientação nutricional.
Alimentação influência na artrite reumatoide?
Em linhas gerais, a dieta pode alterar a microbiota intestinal que por sua vez, pode estar envolvida na evolução da artrite reumatoide, mas os estudos ainda são inconclusivos.
Assim, entre os produtos considerados tipicamente inflamatórios (de uma modo geral), estão:
- carne vermelha;
- dieta rica em gordura trans e saturada;
- sal;
- excessivo consumo de calorias;
- óleos de ômega 6;
- carboidratos simples.
É possível reduzir uma inflamação com alimentação?
Sim, é possível.
Ou seja, como redutor de inflamação, alimentação como: óleo, peixes, frutas, vegetais, vitamina D e probióticos são importantes.
Além disso, a dieta do Mediterrâneo tem importante destaque, (a incidência da artrite reumatoide no sul da Europa onde existe a cultura da dieta do Mediterrâneo é menor que no Norte).
Neste sentido, essa dieta tem como base o consumo de frutas, verduras, azeite de oliva extra vigem, ingestão de peixe, cereais integrais, moderado consumo de ovos, laticínios, aves e um baixo consumo de carne vermelha ou açúcar refinado.
Além disso, o vinho consumido moderadamente e temperos fazem parte dessa dieta.
O consumo de tomates (que contém licopeno, um potente antioxidante), chá preto, a presença de flavonoides e carotenoides presentes em frutas e verduras podem diminuir o processo inflamatório.
Dietas Anti-inflamatórias de uma modo geral
Muitas doenças além da artrite reumatoide, podem estar relacionadas a processos inflamatórios como diabetes mellitus tipo 2, Alzheimer, câncer e doença cardiovascular (que podem estar relacionadas também a dieta).
A ingestão de carboidratos simples aumenta rapidamente o açúcar no sangue e essa velocidade chamamos índice glicêmico.
Se ingerirmos fibras com a ingestão do carboidrato simples diminuímos essa velocidade de absorção, diminuindo os mediadores de inflamação.
A gordura trans também aumenta esses fatores inflamatórios, em contraste com a gordura presente no ômega 3, um óleo derivado de peixes que comem algas.
Apesar do consumo de carne vermelha ser associado a processo inflamatório das articulações no caso da artrite reumatoide alguns trabalhos não demonstram essa associação.
O sal e o cigarro também podem estar associados à piora, mas são ainda necessários mais trabalhos para conformação.
Os benefícios e os malefícios dos derivados de leite na artrite reumatoide são controversos, alguns não mostrando nenhuma associação.
Apesar de a hipótese do leite estar relacionado a alergia, só uma pequena porção dos pacientes demonstraram essa sensibilidade e talvez o seu conteúdo de vitamina D possa dar proteção a doença.
Um fato interessante é que o ômega-3 pode ser protetor para a artrite reumatoide por seu efeito anti-inflamatório, porém são necessários mais trabalhos para confirmar esses achados.
Novos Estudos sobre artrite reumatoide
Em um estudo (EPIC-Norfolk study) mostrou que a redução da ingestão de frutas e vitamina C pode estar relacionado ao aumento do processo inflamatório e uma diminuição pode ocorrer quando há um aumento de consumo de azeite de oliva.
Esses alimentos são antioxidantes, embora existam outros trabalhos não demonstrando essa associação.
Um alto consumo de bebidas açucaradas está associado ao desenvolvimento de artrite reumatoide.
O café é controverso, porque pode estar relacionado ao hábito de fumar que pode piorar a doença. Mais trabalhos são necessários, relacionando a quantidade, o tipo de café e sua preparação.
A qualidade geral da alimentação pode ter impacto no desenvolvimento da artrite reumatoide e isso pode ser mais importante do que um alimento em especial.
A obesidade pode estar relacionada a piora da artrite reumatoide por causa da inflamação sistêmica.
O tecido adiposo é um órgão endócrino que produz mediadores inflamatórios (interferon@- INF-α, interleucina 6 – IL-6 e adipocinas) criando um ambiente propício para a doença auto imune.
A falta de atividade física e o uso de corticoides podem ocasionar perda da massa muscular e/ou sua substituição por gordura principalmente em mulheres mais idosas podem estar relacionado à patogênese em estágios precoces da artrite reumatoide.
A saúde do intestino – a microbiota intestinal
A microbiota intestinal tem influência na homeostase de várias doenças incluindo a artrite reumatoide.
Neste sentido, a maioria das bactérias são do filo Bacteroides e Firmicutes, importantes para a produção de vitaminas, digestão, clivagem das fibras alimentares e produzem os ácidos graxos de cadeia curta (SCFA) responsáveis por efeitos anti-inflamatórios.
Quando ocorre uma ruptura da parede intestinal aumentando a sua permeabilidade, ocorre um desbalanço no sistema imune.
A diversidade da microbiota é dependente da orientação alimentar e pode influenciar na artrite reumatoide. Esse fato pode ser usado como estratégia para diminuir o risco da doença.
Talvez sejam necessários 3 meses de uma dieta rica em fibras como a dieta do Mediterrâneo para poder mudar a microbiota.
Benefícios da Dieta do Mediterrâneo
A dieta do Mediterrâneo diminui o risco de mortalidade geral, doença cardiovascular, câncer, doenças neurodegenerativas e diabetes.
A Dieta do Mediterrâneo é rica em gordura mono insaturada (azeite de oliva e castanhas), polifenóis (uvas), tocoferol (vitamina E – castanha do Pará, amêndoas) que promovem a diminuição da resistência à insulina.
Porém, mais estudos são necessários embora haja melhora dos sintomas em muitos pacientes, diminuição de marcadores inflamatórios e melhora da função física.
A vitamina D é um potente anti-inflamatório, anti bacteriano e antiproliferativo in vitro.
O déficit de vitamina D pode alterar a resposta imune, porém são necessários mais trabalhos para avaliar se a reposição fazem diferença no risco da artrite reumatoide.
Os resultados do risco da artrite reumatoide com o consumo de álcool devem ser interpretados com cuidado.
Talvez o vinho por conter polifenóis possa diminuir a inflamação, porém mais estudos são necessários. Se houver ingestão de medicamentos como o metotrexato pode haver alteração hepática.
Ômega-3 e ômega-6 são ácidos graxos que fazem parte da membrana das células e podem modular mediadores inflamatórios.
O ômega 3 vem da gordura do peixe, mas podem ser encontrados em aves e nozes, e diminuem a inflamação.
O ômega 6 são derivados de óleos vegetais e tem um papel pró inflamatório. A relação adequada de ômega 6 para ômega 3 é de 4;1, porém geralmente a dieta ocidental a relação e 10 a 20:1.
Os efeitos desses ácidos graxos na artrite reumatoide precisam de mais estudos.
Controle do Peso
A restrição calórica pode ter um potencial benefício para pacientes com artrite reumatoide, principalmente para paciente obeso.
Talvez a dieta vegana ou com restrição de glúten possa melhorar níveis de atividade da doença, diminuindo os níveis de anticorpos no sangue.
O jejum pode melhorar a inflamação e a dor. Em alguns estudos, porém não há diferença a longo prazo, sendo o uso de probióticos controverso.
Atividade física para pacientes portadores de artrite reumatoide
Segundo a fisioterapeuta Vanessa Sene, a prática de exercícios físicos para portadores de artrite reumatoide são fundamentais, e não só pela qualidade de vida adquiria, mas sobretudo como parte do tratamento, pois além de trabalhar a qualidade muscular, melhora o fortalecimento, aliviando as dores das articulações.
Exercícios aeróbicos são fundamentais, uma vez que pacientes com esta patologia tem chance aumentada de ter insuficiências cardíacas, pois liberam substancias no organismo fazendo com que o sangue tenha maior dificuldade para passar, podendo levar a diversas cardiopatias.
O alongamento ajuda na qualidade da fibra muscular (que envolve as articulações), fortalecendo a musculatura e estabilizando o paciente.
Importante lembrar que os exercícios devem ser feito de forma moderada, sem impacto, respeitando o tempo e limite do paciente, porém de forma constante.
Os exercícios mais indicados seriam na seguinte escala:
- Pilates para o fortalecimento da musculatura
- Exercícios Aeróbicos (natação, hidroginástica ou mesmo uma caminhada);
- Musculação (caso o paciente consiga se adaptar)
Considerações Finais
De uma maneira geral, a dieta do Mediterrâneo pode ser considerado para paciente com artrite reumatoide, uma forma de diminuir sua progressão, estimulando o consumo de peixes como sardinhas, salmão e truta, limitando o consumo de carne vermelha (1 a 2 vezes por mês).
Azeite de oliva extravirgem diariamente, alto consumo de grãos integrais, legumes, 5 ou mais porções de frutas e vegetais por dia são grandes aliados ao combate desta patologia.
Neste sentido, evitar sucos adoçados com açúcar, sal, álcool e café também trazem benefícios aos portadores.
A suplementação de vitamina D também é importante e deve ser considerada para a saúde dos ossos, pela sua atividade anti-inflamatória diminuindo a atividade da doença.
O peso corporal ideal deve ser uma meta para aumentar a chance de remissão e a eficácia do tratamento.
Referência: Dietary Habits and Nutrition in Rheumatoid Arthritis: Can Diet Influence Disease Development and Clinical Manifestations?
1Dipartimento di Scienze Cliniche, Internistiche, Anestesiologiche e Cardiovascolari-Reumatologia, Sapienza University of Rome, 00161 Roma, Italy.