Em primeiro lugar, precisamos pontuar que estudos comprovam sim, que a amamentação é capaz de salvar a vidas.
Por esse motivo, incentivar a amamentação eficiente vem sendo o grande desafio para a saúde pública.
A semana mundial de aleitamento materno criada pela Organização Mundial de Saúde em 1992, visa promover e incentivar a amamentação em 120 países do mundo.
Contudo, no Brasil, oficialmente lançado em 2017, o "Agosto Dourado", foi criado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com base na semana do aleitamento materno, que acontece de 1 a 7 de agosto.
A princípio, ele recebeu esse denominado, porque simboliza a luta pelo incentivo à amamentação. A cor dourada está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno.
Assim, promover esta prática é algo importantíssimo.
Por esse motivo, a Mega Imagem convidou a Enfermeira Daniela Souza, especialista em amamentação e sono infantil, para responder alguns questionamentos que rondam mães de todo o mundo, quando o assunto é amamentação.
Ainda hoje, muitos mitos giram em torno do tema amamentação. Crenças, muitas vezes, repassadas por mães e avós, que infelizmente não tiveram a orientação adequada sobre o assunto.
Estas crenças acabam deixando algumas mulheres inseguras e atrapalhando esse momento tão importante, tanto para mãe quanto para o bebê.
No entanto, nos últimos anos, esse cenário tem mudado, para melhor, uma vez que gestantes e lactantes têm recebido todas as informações necessárias, vindas de campanhas, estudos, cartilhas e principalmente, de profissionais de saúde especializados no assunto.
Sendo assim, vale a pena conferir!
Daniela Souza: Na década de 1970, foi observado um declínio nas taxas de aleitamento materno e aumento da desnutrição e mortalidade infantil. As taxas chegaram a 88 em cada mil nascido vivos!
Com esses dados preocupantes, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), estabeleceram várias ações de incentivo ao aleitamento materno, visando o aumento das taxas de amamentação e a redução da mortalidade infantil.
Neste sentido, as pesquisas nessa área só aumentam e confirmam a superioridade do leite materno na alimentação do bebê a partir do nascimento.
Daniela Souza: As dúvidas são desde os cuidados com as mamas até o medo de não ter leite suficiente para amamentar o bebê.
Diante disso, é comum na gestação, a busca de informações sobre as mudanças físicas, o preparo para o parto, amamentação e cuidados com bebês.
As informações estão em todos os lugares. No entanto, é importante saber a referência, para não ficar com excesso de informações e depois não saber o que fazer, tornando a experiência da amamentação em algo negativo.
Igualmente, os profissionais de saúde são fundamentais nos cuidados inicias da mãe-bebê ainda na sala de parto, garantindo assim, a amamentação na primeira hora de vida, conhecido como “hora de ouro”.
Daniela Souza: A amamentação é algo que precisa ser treinado para a mãe e bebê ganharem habilidade. Não trata-se de algo instintivo e simples do jeito que parece.
Envolve pontos importantes, que quando feitos de forma correta, refletem no sucesso da amamentação.
Frente a isto, é importante a mulher se preparar ainda na gestação, com informações que realmente façam sentido e que sejam práticas, para que assim ela consiga processar antes do bebê nascer.
Entender que alguns desafios podem acontecer e saber como agir são fundamentais.
Em primeiro lugar, a forma correta de amamentar, envolve a mãe estar bem de saúde, querer amamentar, se posicionar de forma que fique confortável, preparar as mamas com massagens, posicionar o bebê deixando ele organizado no colo e oferecer a mama (parte areolar).
É importante colocar a mama, quando o bebê estiver com a boca bem aberta, para não correr o risco do bebê abocanhar somente o bico do peito e machucá-lo nos primeiros dias.
Daniela Souza: É muito comum nos primeiros dias de vida do bebê a mãe apresentar um certo incomodo nos mamilos, mas um incomodo que ao bebê abocanhar e começar a sugar, para em segundos.
Agora, se os incômodos persistem e intensidade da dor aumentar, possivelmente os mamilos estão com fissuras.
As fissuras são caracterizadas por pega incorreta do bebê, que gera estresse para a nutriz e para o bebê, contribuindo para mamadas ineficientes e principalmente, tornam-se um desestímulo para a mãe em continuar o aleitamento.
Por isso, a importância do profissional de saúde nos cuidados, orientações e ajustes no processo da mamada logo após o nascimento do bebê.
Se, desde o início de vida, o bebê é ensinado a abocanhar o mamilo de forma errada, a tendência é a mãe receber alta hospitalar com os mamilos machucados.
As fissuras devem ser tratadas para não aumentarem de tamanho e profundidade. Nesse período o bebê ganha pouco peso e pode ocasionar desmame precoce.
Se não tratadas podem evoluir para outras intercorrências, como mastite e candidíase mamária.
O profissional de saúde irá reavaliar as estratégias do aleitamento materno no manejo clínico da amamentação, para então, em paralelo tratar as fissuras mamilares.
Daniela Souza: O bebê deve mamar por livre demanda, ou seja, sempre que demonstrar sinais de fome.
Com observação e avaliação das mamadas é possível saber ser o bebê está extraindo o leite da mama.
O bebê fica bem posicionado no seio materno, com a boca aberta pegando a maior parte da aréola. As bochechas ficam arredondadas e ele demonstra saciedade com o relaxamento e sono.
As fraldas são ótimas referências. Os pais devem observa e anotar a presença de xixi e cocô durante as trocas. E claro, o peso do bebê é a confirmação final que tudo está indo bem ou precisa de algum ajuste.
Daniela Souza: Já está comprovado que não existe leite fraco.
Este pode variar de cor, mas todos são adequados sob o ponto de vista imunológico e nutricional.
A mãe precisa acreditar na sua capacidade de amamentar e não permitir palpites que impactem no emocional e que possam interferir no processo de amamentação.
Daniela Souza: Durante a gestação, o médico que acompanha a paciente, consegue identificar se tem alguma causa que haja essa possibilidade.
Mulheres que realizaram redução de mamas (retiraram muito tecido glandular, ficando tecido insuficiente), desnutrição materna grave e problemas hormonais podem ter alguma restrição durante o processo de amamentação.
Por isso, é primordial a realização do pré-natal e após o nascimento do bebê o acompanhamento com a equipe do serviço de saúde.
Daniela Souza: O profissional de saúde ainda no ambiente hospitalar, deve ensinar a mãe a retirar seu próprio leite, bem como, explicar onde e como armazenar, frisando questões relacionadas a validade e descongelamento.
Caso, não tenha essa orientação, a mãe deve procurar um consultor de amamentação ou Banco de Leite da cidade.
Daniela Souza: O momento ideal é na primeira hora de vida do bebê, a chamada “hora de ouro”.
O contato pele a pele, estimula a estabilização da temperatura corporal e ritmo cardíaco. Neste momento, tanto a mãe quanto o bebê estão em alerta, sendo uma ótima oportunidade de interagirem e tentar iniciar a amamentação.
É durante este momento que ocorre também a estabilização rápida da glicemia.
Daniela Souza: É aquela que o bebê está com a boca bem aberta acoplado na aréola da mãe, os lábios devem estar em formato de "peixinho" e conforme ele suga, o seio da mãe vai para dentro da boca ficando em uma posição que favoreça a extração efetiva do leite materno.
Existem também a possibilidade da utilização de alguns medicamentos, em casos selecionados, quando as medidas citadas não produzirem o efeito desejado. Neste caso, o médico obstetra deve ser sempre consultado.
Daniela Souza: Não existe tempo exato. Existe o tempo ideal para que cada bebê possa se sentir satisfeito.
O importante é a mãe conhecer e perceber as necessidades do filho, porque com o passar dos dias o bebê ajusta seu tempo de mamada.
Daniela Souza: Por que o leite materno é o alimento ideal para o bebê, promovendo um crescimento e desenvolvimento saudável.
O leite materno é rico em anticorpos e outros fatores de proteção contra doenças.
As crianças que mamam no peito têm menos diarreias, doenças respiratórias, otites, alergias, asma e diabete.
O leite materno é de fácil digestão, ocasionando menos desconfortos gástricos. É ótimo para a saúde materna, pois após o parto, auxilia na contração do útero reduzindo casos de anemia, protegendo contra câncer de mama e ovários.
Amamentar é um ato de amor, entrega e conexão nos primeiros dias e meses de vida do bebê.
É uma forma de dar e receber amor, acalentar e proteger. Amamentar é se comunicar com o bebê e proporcionar desde cedo afeto e confiança.
Daniela Souza: Desde a criação da humanidade, existe a prática da amamentação.
Já foi comprovado a importância na saúde na mãe e principalmente no desenvolvimento e crescimento do bebê.
Além disso, o leite materno não polui, economiza água, tem a temperatura ideal, não tem custos para a família, protege a camada de ozônio, forma indivíduos saudáveis, seguros e com riqueza intelectual.
Vamos encorajar a amamentação e juntos, conseguiremos um desenvolvimento sustentável.
Daniela Souza - Enfermeira Neonatal - Mamamundi Assessoria COREN-SP 326.564