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Hoje trataremos de um assunto muito presente nos dias atuais. A obesidade.
Infelizmente, a prevalência de obesidade e a ingestão de alimentos não saudáveis estão crescendo em uma taxa alarmante em vários países além do sedentarismo.
Em um estudo brasileiro realizado em 2013 para avaliar a prevalência da obesidade, foram estudados 59 402 adultos excluindo gestantes e foi considerado o Índice de Massa Corporal (índice que considera a relação entre o peso e altura) ≥30 kg/m².
A prevalência do sobrepeso e obesidade entre 1980 e 2014 mais que dobrou.
O universo pesquisado deste Estudo
Em princípio, observou que as prevalências de obesidade foram de 16,8% para homens e 24,4% para mulheres.
Assim, observou-se que a amostra analisada trazia fatores de riscos comuns à obesidade, como:
Idade avançada (a partir dos 50 anos),
Nível de instrução baixo (sem instrução ou ensino fundamental incompleto),
Raça (Negros)
Viver com um companheiro.
E não foram só. A atividade física no lazer e o hábito de assistir mais de 4 horas de televisão por dia mostraram associações significativas para ambos os sexos.
No Brasil entre 2002/2003 e 2008/2009 a prevalência de obesidade aumentou de 9,3% até 12,7% para homens e de 14,0% a 17,5% para mulheres.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) é considerado sobrepeso IMC acima de 25 kg/m² e obesidade acima de 30,0 kg/m².
Doenças associadas
Isto posto, ficou claro que em pessoas obesas, as chances de ter o diagnóstico de hipertensão, diabetes ou de alguma doença crônica não transmissível foram maiores.
Homens e mulheres obesos tiveram a pressão arterial sistólica significativamente aumentada. A incidência de diabetes em pessoas sem sobrepeso é de 5,4% e de pessoas obesas é de 14% (mais do que o dobro.
Alguns tipos de câncer como o colorretal aumenta com a obesidade.
Objetivos do Estudo
A primeira vista, o objetivo deste estudo foi entender segmentos da população mais vulneráveis e ajudar a subsidiar políticas públicas para a prevenção da obesidade.
Desta forma, para caracterizar o estilo de vida, os pesquisadores consideraram:
o consumo de pelo menos 5 porções de frutas e/ou verduras por dia;
o consumo de álcool por semana de 15 ou mais doses para homens e de 8 ou mais para mulheres.
Neste sentido, foi questionado se o universo pesquisado era obeso aos 20 anos e se praticavam atividade física (150 minutos moderados ou 75 minutos acentuados) por semana.
Em outras palavras, foi verificado se no trabalho era necessário o esforço físico (andar, carregar ou limpar) e se estes assistiam mais ou menos de 4 horas por dia de TV.
Pesquisaram também sobre a saúde atual como sinais e sintomas de doenças reportadas (se tinham dificuldade ao andar, hipertensão, diabetes e depressão), realizando assim 3 medições da pressão.
Conclusões apontadas do Estudo
Todavia, foi através destas analises, que se levantou que mais da metade dos participantes estavam com sobrepeso (56.5% dos homens e 58.9% das mulheres), e chegaram ao resultado citado de 16.8% entre os homens e 24.4% entre mulheres.
As mulheres tiveram as maiores porcentagens.
Ao passo que o sobrepeso aumenta em ambos os sexos com a idade, mas, em geral, tende a diminuir ao redor dos 60 anos devido ao metabolismo, perda de massa magra e diminuição da estatura com alteração da coluna (cifose).
Em homens a maior prevalência de obesidade ocorre entre 40 a49 anos, ao contrário das mulheres que ocorre entre 50 a 59 anos.
Sob o mesmo ponto de vista, o estudo concluiu que à escolaridade era de menor grau nas mulheres, e estas tinham maiores chances de obesidade.
Por outro lado, em homens, quanto menores o nível de educação a chance de obesidade diminui. De acordo com a raça, as mulheres afrodescendentes tiveram maior chance de obesidade em relação às mulheres de raça branca.
Logo, morar com um companheiro/a aumenta a chance de obesidade em ambos sexos.
Curiosidade sobre o Estudo
O hábito alimentar de porções de verduras e frutas não tiveram relação com a obesidade e nem o consumo de álcool, talvez pela abordagem feita pelo estudo.
Pontos de atenção
Quanto ao peso perceberam que se a pessoa foi obesa aos 20 anos, o risco de obesidade atual aumentava de uma maneira significativa em ambos os sexos.
Isso evidencia a importância da prevenção do sobrepeso e obesidade na infância e na adolescência com campanhas de educação alimentar e atividade física.
A realização de atividade física foi significativa em homens em relação à obesidade.
O hábito de assistir TV mais de 4 horas por dia foi diretamente relacionado a obesidade, de acordo com trabalhos feitos nos Estados Unidos que mostram a associação de mais de 2 horas de TV com aumento de consumo de snacks e diminuição da atividade física.
A chance da obesidade estar relacionada a outras doenças como hipertensão, diabetes e depressão foi estatisticamente significante. A associação com a depressão é maior em mulheres.
Em 2014, mais de 1,9 bilhões de adultos maiores do que 18 anos tinham sobrepeso e desses 600 milhões eram obesos (11% homens e 15% mulheres).
Do mesmo modo, no Brasil houve um aumento de sobrepeso de 42,2% (2002/2003) para 56,5% (2013) e um aumento da obesidade de 9,3% para 16,8%.
Neste sentido, nos casos das mulheres o sobrepeso foi de 42,1% (2002/2003) para 58,9% (2013) e obesidade de 14,0% a 24,4%.
Por fim, os achados deste trabalho enfatizam a importância de políticas públicas para a prevenção da obesidade e para a promoção de hábitos saudáveis na sociedade brasileira.
Fonte: Revista Brasileira de Epidemiologia
Print version ISSN 1415-790XOn-line version ISSN 1980-5497
Rev. bras. epidemiol. vol.22 São Paulo 2019 Epub Apr 01, 2019
Artigo original: Prevalence of obesity and associated factors in the Brazilian population: a study of data from the 2013 National Health Survey
Arthur Pate de Souza Ferreira
Célia Landmann Szwarcwald
Giseli Nogueira Damacena
IPost-Graduation Program in Epidemiology in Public Health, National School of Health Sérgio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz- Rio de Janeiro (RJ), Brazil.
IILaboratory of Information in Health, Institute of Communication and Information in Health, Fundação Oswaldo Cruz - Rio de Janeiro (RJ), Brazil.